No jogo São Paulo x
Atlético-MG, pela Libertadores 2013, Ronaldinho Gaúcho fez uma declaração
polêmica no intervalo. Eu assisti a partida pelo Sportv e percebi uma certa
distância entre a fala do jogador e a fala dos comentaristas esportivos no que
diz respeito ao significado do que foi dito e intenção do atleta.
Primeiramente, segue abaixo a transcrição “literal” e parcial do que ele falou:
“É
um grande treino pra próxima fase, pra gente. (...) Penso que qualquer
adversário que vier na próxima fase vai ser muito duro. Então a gente tem que
pegar esse jogo e se divertir, e não ficar... sofrendo. (...) A gente não tem
nada a perder. (...) E jogar com alegria, coisa que ta faltando.”
A partir dessas palavras,
chegou-se em “ele disse que só estava brincando”, “ele subestimou o time do São
Paulo”, “ele disse que o jogo não valia nada”, dentre outros comentários um
pouco distorcidos e com tons agressivos. Porém, essas mesmas pessoas são
aquelas que dizem “hoje não há mais futebol bonito, arte, onde os jogadores se
divertem”, “treinadores espertos usam alguns jogos para fazer o jogador pegar
ritmo; fazer reajustes no time, etc.”. Isto é, se divertir; jogar um grande
treino; respectivamente.
O fato é que eles não pensam
nisso. Vi poucos jornalistas reverenciando Ronaldo Gaúcho, dizendo que ele não
costuma fazer isso; que talvez tenha dito por impulso; ou que pode ter
expressado mal. Não, o que eles querem é burburinho, afinal, o dinheiro todo
que rola em torna disso não é pouco. Além disso, trata-se de uma “ofensa” a um
time paulista, que em 2013 ainda não resolveu jogar bola e precisa de um
empurrãozinho dos amigos.
A mídia brasileira é ótima
em fazer transformações da fala das pessoas usando a interpretação dos seus agentes,
para gerar uma reportagem, semanticamente, próxima à fonte da informação, mas
um tanto quanto tendenciosa. Por isso várias vezes vemos artistas sendo
mal-educados com repórteres. Eles devem ter os seus motivos. Aliás, não conheço
veículos de comunicação imparcial na imprensa brasileira. Mas também, o que
esperar de uma imprensa que teve suas raízes em um estado autoritário e foi
criada justamente para o contrario do que deveria ser sua finalidade: censura e
repressão.
Atualmente está mais ameno,
não só pelo mundo globalizado e regime de Governo que vivemos, mas também pelo
aperfeiçoamento de técnicas de persuasão. Entretanto, ainda assim é perceptível
tendenciosidade, sensacionalismo, e até mesmo imposições. Como exemplo, dita-se
Veja, Carta Capital, Jornal Nacional, Jogo Aberto, etc. Se o interlocutor não
tiver outras fontes de informação, personalidade forte e senso crítico,
simplesmente toma para si o publicado. “Quem
são eles? Quem eles pensam que são?”.
Eu não sei se isso tudo é
questão de educação, isto é, de ser honesto à pessoa fonte da notícia e ao
receptor da informação. Não sei se é intrínseco a determinados assuntos, como
futebol, política e religião. E não sei se é mera consequência da liberdade de
expressão. Mas está aí uma alerta aos profissionais de comunicação social e,
especialmente, jornalismo. Penso que a principal intenção deve ser honrar um
dos objetivos principais desse ramo de atividade – proporcionar o acesso à
informação limpa, pois com certeza também terá boa renda e grande repercussão
vinda de tal profissional.
Ao divulgar um ato, deve ser
passado criteriosamente como aconteceu e não carregado de opiniões daquele que
emite, para que outros tenham a liberdade de tirar suas conclusões. Dessa
forma, teremos uma sociedade mais esclarecida e discursiva. Inclusive, esta aí
uma boa oportunidade de negócio: veículo de comunicação imparcial. Por exemplo,
uma revista que exponha os fatos e apresente os dois lados da moeda.
Falando nisso, não quero
humanizar a figura de Ronaldinho Gaúcho. Talvez ele tivesse mesmo a intenção de
humilhar, ou de conseguir uma justificativa por não ter jogado muito naquele jogo. O
que eu queria mesmo era mostrar minha opinião sobre a polêmica, apresentar o
outro lado que pouco apareceu e, de bagagem, fazer uma crítica (para não perder
o costume!). Enfim, agir diferente dos fantoches da imprensa.
Por fim, o jogo tão esperado
aconteceu, o Galo ganhou, estamos felizes! Isso é o importante. Pelo menos, até
então, nada dos humores negativos surtiu efeito. O Galo segue forte na
Libertadores. Contamos com o maestro para continuar proporcionando essa
integração, alegria, competência e sabedoria do time: Cuca. O cara merece ser
campeão, e o time também! Vamos agora para o próximo jogo, porque é partida importante em casa e
“Caiu no Horto, tá morto!”
Bica eles, Galo
Doido!!!