13 de março de 2015

Discursos Firmes e Atitudes Contrárias

           Após uma eleição extremamente disputada e com acusações, ofensas e ataques distribuídos por ambas as partes sem escrúpulos, parecemos viver o mesmo jogo político de sempre: oposição buscando o que criticar e governo defendendo suas medidas, independentemente do que está sendo criticado e defendido, respectivamente.
Até aqui tudo bem, esta é a Democracia. O interessante, pelo que tenho percebido, é que no contexto atual a oposição levanta a voz contra medidas as quais têm exatamente o perfil direitista que seria implementado caso fosse eleita; e o governo toma decisões as quais discordou duramente na campanha eleitoral, aceitando, finalmente, que algo realmente estava destoante.
Os que votaram em Aécio continuam insatisfeitos querendo promover Impeachment  e algumas reivindicações sem fundamentos sólidos, o que parece uma birra de criança quando não ganha o doce. Estes deveriam estar contentes, pois muitas das medidas desse novo governo são de cunho Psdbista.  E os que votaram em Dilma ainda a apoiam firmemente mesmo sabendo – ou não – que suas ações são contrárias a muitas coisas que foram prometidas e, principalmente, defendidas.
Creio que o personagem principal, promotor das atitudes contrárias aos discursos convincentes das eleições, é o Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tendo como motivação o medo Petista de quase ter perdido o confronto. Ele, e os trabalhos que lhe deram o famigerado apelido “mãos de tesoura”, comprovam que o governo assumiu, pelo menos nas atitudes, que a forma de governar estava frouxa demais.
No âmbito econômico, tínhamos como exemplo o discurso de Aécio em prol da organização das contas públicas, baixa da inflação, e potencialização da indústria; e o de Dilma no sentido de que a inflação estava controlada, que a crise era internacional, e que haveria manutenção dos incentivos econômicos individuais. Hoje, as medidas de Dilma são para conter a inflação e as críticas da oposição são contra tais medidas, tão defendidas – obscuramente, é claro – outrora. Pura contradição! Tudo para ganhar apoio do povo em seus novos discursos firmes.
Vou citar algumas medidas impopulares do governo que são paradoxalmente criticadas pela oposição: limites de vagas e nota mínima para os estudantes conseguirem o FIES; aumento do tempo de carteira assinada para a liberação do Seguro Desemprego; aumento da taxa de juros para incentivo à compra de títulos públicos; desvalorização cambial; retomada do interesse em negociações com os EUA no setor de Comércio; aumento de impostos, como o IOF, para redução da demanda agregada. Ou seja, tentativas de moralização do uso dos recursos públicos pela população e políticas econômicas contracionistas, para diminuir o consumo e, a longo prazo, a inflação.
A Mídia, que adora criticar o PT, apenas coloca que estudantes estão perdendo suas bolsas; trabalhadores podem ficar sem recursos quando desempregados; e a alta do dólar diminui a indústria do turismo. Mas não dizem que isso beneficia os que realmente querem estudar, os que de fato usam o seguro desemprego como uma renda provisória, e os empresários que exportam e, dessa forma, geram milhares de empregos.
 Nós sofremos com muitas medidas, principalmente no que diz respeito aos impostos, uma vez que já são altos; mas, infelizmente, precisamos desse choque. A torneira estava aberta demais, e a água começou a faltar (literalmente). A minha reclamação é que o governo, mesmo com a atual postura, tem ainda preferido o aumento da arrecadação em detrimento do corte de gastos. Porém, é visível que está fazendo um pouco dos dois, embora não seja suficiente nem na intensidade necessária, o que teria alto custo político e um impacto tremendo na população. O que muitos não entendem é que o corte de custos diminui a necessidade de ter dinheiro para suprí-los e, portanto, a conta da dinheirama desperdiçada que é paga pelo povo fica menor.
Enfim, os altos gritos de Aécio no Congresso Nacional soam heroicos, mas os informados e também os manipuladores direitistas sabem que isso é proveito do fato de não ser ele o implementador das políticas atuais. Já a Dilma continua ouvindo vaias porque deveria ter tomado posturas severas antes, na visão dos informados; e sofrendo com o levante anti-PT pela falta de carisma e, agora, para piorar, ações elitistas, na visão dos manipuladores esquerdistas.