28 de outubro de 2018

A História e seus Conceitos Políticos

Diante de diversos termos utilizados equivocadamente neste processo eleitoral, decidi elaborar este texto para expor alguns conceitos em meio a uma narrativa da história do mundo e do Brasil. Várias distorções aplicadas na atualidade sem base teórica podem ser descontruídas a partir do surgimento e evolução desses conceitos.

Em 1789, a Revolução Francesa foi um marco histórico que derrubou o absolutismo, isto é, poder nas mãos dos reis, e iniciou um sistema nos moldes do que é hoje, com divisão dos três poderes, por exemplo.  Porém, até mesmo entre os revolucionários, havia divergências.

Existiam os girondinos, que ficavam à DIREITA da tribuna onde ocorria debates sobre os rumos da revolução. Eles acreditavam que a revolução deveria ocorrer de forma gradativa, mantendo alguns aspectos da nobreza e, por isso, ficaram intitulados como “CONSERVADORES”. E existiam os jacobinos, que ficavam à ESQUERDA da tribuna. Eles defendiam uma revolução mais rápida, com decapitação do rei e outras medidas mais enérgicas, radicais. Por isso, ficaram intitulados “PROGRESSISTAS”.

Assim, começou a famosa polarização, sendo a ESQUERDA relacionada ao PROGRESSISMO, e a DIREITA relacionada ao CONSERVADORISMO. Mas sem entrar ainda em questões econômicas e sociais, percebam que são simplesmente formas de lidar com as projeções de mudanças. É importante dizer que o principal lema da Revolução Francesa era LIBERDADE (1º), IGUALDADE (2º) e fraternidade (3º), que hoje são base de agrupamentos de direitos e garantias em diversas Constituições Federais, como a do Brasil. 



Neste momento da História, já havia uma crescida da Revolução Industrial por alguns países, como Inglaterra e França, que se desenvolveu bastante até o século XVIII. Basicamente, a forma de produção de bens passou de artesanal para produção de escala em fábricas, podendo atender mais pessoas. Contudo, junto a isso veio a precariedade do trabalho, pessoas submetidas a condições degradantes, carga horária exaustiva e baixos salários. Ainda assim muitas pessoas iam para as cidades trabalhar nas fábricas, o que fez surgir aglomerações urbanas pobres e sem estrutura, conhecidas atualmente como favelas. Dessa forma iniciou-se o modo de vida clássico do CAPITALISMO, no qual o lucro determinava a troca de bens.

Apesar disso, um indivíduo chamado Adam Smith ainda acreditava que o livre mercado, isto é, nenhuma interferência do Estado no controle da produção, iria equilibrar a economia ao ponto de sanar essas mazelas sociais. Esse foi um pensamento LIBERAL, muito compatível com o sistema capitalista e também com o 1º direito da bandeira da Revolução Francesa - a LIBERDADE -  na qual o indivíduo é responsável por si sem interferências.

Neste contexto, eis que surge um indivíduo chamado Karl Marx que falou diferente. Ele dizia que todo o trabalhador explorado por esse sistema ferrenho tinha que tomar o poder da classe predominante, comandar as indústrias e o Estado, e só assim a sociedade seria mais IGUALITÁRIA, conforme o 2º direito da bandeira da Revolução Francesa: a IGUALDADE. Para ele, o lucro era gerado a partir de uma exploração de mão de obra, alimentando a desigualdade. Logo, não poderia existir lucro, toda a renda deveria ir para o Estado e esse seria responsável por prover a igualdade e o equilíbrio social na comunidade, o que veio a ser chamado de SOCIALISMO. Percebam que a ideia de Marx era audaciosa, criativa, radical, porque definia um modelo mundial totalmente diferente do que já tinha sido visto, tal qual as ideias dos jacobinos na Revolução Francesa. Assim, começamos intuitivamente a relacionar os aspectos PROGRESSISTAS com os preceitos SOCIALISTAS e IGUALITÁRIOS. E, para ser socialista e igualitário, era preciso o Estado. Portanto, essas três palavras começaram a ser relacionadas com o termo “ESTADISTAS” também.

Porém, conforme vários historiadores e cientistas políticos apontam, a ideia de Marx era válida, mas ela se mostrou errada na prática. Primeiramente porque o Estado é composto por pessoas, e pessoas são corruptíveis. Da mesma forma que os industriais se tornaram gananciosos pelo lucro, os estadistas se tornariam gananciosos com o poder, o que veio a ser provado posteriormente com várias ditaduras sanguinárias de esquerda, como as de Mao Tse-tung, Stálin, Fidel Castro; e na corrupção de governos relacionados à esquerda no Brasil, por exemplo, como PT e PSDB.

Claro, a corrupção é algo maior, é questão de educação e está inerente ao nosso povo, tanto que empreiteiros da inciativa privada figuraram como corruptores na Operação Lava Jato, por exemplo. Mas o dever moral de zelar pelo público é exigido nos componentes do Estado. Afinal, essa é sua finalidade, conforme Marx. É natural que na iniciativa privada o lucro seja o principal objetivo. Dito isso, você pode exclamar: mas a Ditadura Militar foi de Direita e também havia corrupção! Concordo, mas o problema foi pelo fato de ser “Ditadura”, e não pelo fato de ser de “Direita”. Por isso, quanto mais Estado, mais corrupção, independente de Direita ou Esquerda.  Aliás, o termo “Ditadura de Esquerda” é redundância, já que são os MARXISTAS, os SOCIALISTAS, os IGUALITÁRIOS, que pregaram a existência unicamente do ESTADO para zelar pelo bem estar social. Mas isso eu explanarei mais abaixo ao falar dos fenômenos intitulados “Ditaduras de Direitas”.

A segunda e principal causa da falência da ideia de Marx foi a natureza humana. A verdade é que nós, no fundo, não queremos igualdade. A nossa natureza nos faz querer diferenciarmos uns dos outros. Nós somos egoístas, vaidosos, ambiciosos; nós queremos ser melhor que os outros; queremos nos destacar dos demais frente a um(a) possível pretendente a namoro, a uma promoção no emprego; queremos reconhecimento pelo que oferecemos de melhor que o próximo; queremos ser admirados por algo que fazemos diferente dos demais; queremos ter atributos e receber elogios por uma ação que temos e outro não é capaz de ter; e queremos competitividade para evoluir, desenvolver, criar coisas novas. Somente o capitalismo poderia oferecer isso, por isso ele venceu.

Por exemplo, o salário igual para pessoas que exercem o mesmo cargo pode ser a aplicação da igualdade, como ocorre no setor público, mas por que o setor público é tão ineficiente? Porque, na verdade, nós queremos que os melhores ganhem mais e os piores ganhem menos. Talvez seria o mais justo. Logo, nem sempre a igualdade é sinônimo de justiça. E isso não há que se questionar no capitalismo. É claro que, no capitalismo, a ambição pode se transformar em ganância, a prosperidade pode se transformar em luxúria, e toda essa corrida de competitividade pode gerar depressão. Faz parte da natureza humana. Para tanto, recorremos a tratamentos psicológicos, espirituais e para a religião. Os dogmas e a fé nos fazem ter controle sobre nossa natureza humana, não um Estado incoerente aos anseios das nossas individualidades.

Esses sistemas que regem a sociedade e a economia simultaneamente, um com foco na economia (CAPITALISMO) e outro com foco na sociedade (SOCIALISMO), lutaram ideologicamente numa guerra no século passado chamada Guerra Fria, de 1917 a 1991, basicamente.  Do lado do capitalismo, os EUA encabeçou a frente; do lado do socialismo, a União Soviética (URSS). Este foi o primeiro país a tentar implementar as ideias de Marx, tornando-se com um tempo uma DITADURA extremamente radical, que matou quase 10 milhões de pessoas, salvo engano.

Através do exemplo da URSS, surgiram novas ditaduras. Elas foram o novo modelo do AUTORITARISMO. O último na história mundial seria aquele liderado pelos reis, no Absolutismo, combatido pela Revolução Francesa, conforme falei no início deste texto. A ditadura da União Soviética e seus discípulos Coreia do Norte, Cuba, China e outros, são intitulados Ditaduras de Esquerda porque elas eram PROGRESSITAS; por quererem mudar com radicalismo um sistema vigente há séculos, conforme os jacobinos; porque eram impulsionadas pelas ideias de Marx, como a de IGUALDADE e SOCIALISMO; e, principalmente, porque necessitavam do comando do Estado sobre o indivíduo (ESTADISTAS).

A queda do muro de Berlim em 1989 - maior simbolismo da divisão ideológica do mundo - e a abertura da União Soviética em 1991 marcaram a derrota do SOCIALISMO. É como se o mundo se atentasse para o fato de que o capitalismo é mesmo a única forma de relação humana e produção de bens; que não podemos quebrar radicalmente esse sistema porque há falência dos países e fome da população, assim como ocorreu nos Estados socialistas. Ou seja, temos que promover as mudanças de forma gradativa e as questões sociais devem ser supridas minimamente pelo Estado quando o livre mercado se tornar ineficaz ou criminoso, como na formação de cartéis. Percebam que esse teor é compatível com os ideais dos girondinos, na Revolução Francesa, que eram conservadores. Além disso, assumir essa posição é contrariar o ideal revolucionário, audacioso e progressista de Marx, que se mostrou um ideal insustentável, utópico. Logo, o sistema econômico do CAPITALISMO está intuitivamente relacionado ao modo CONSERVADOR de como lidar com as mudanças, muito embora nos países com o capitalismo bem enraizado, como os EUA, até mesmo a classe progressista (Partido Democrata) tem pensamentos capitalistas. Isso ocorre porque nem sempre o sistema econômico e social (CAPITALISTA X SOCIALISTA) está relacionado com o modo de lidar com as mudanças (CONSERVADOR X PROGRESSITA).

O curioso é que no período da Guerra Fria também tiveram ditaduras intituladas de DIREITA, como na Itália, de Mussolini; e a mais famosa de todas: na Alemanha, de Hitler. Esta, por exemplo, matou aproximadamente 6 milhões de pessoas. Eu já me indaguei muito: por que eram de DIREITA? Afinal, esses regimes aumentaram o poder do Estado; não é à toa que o partido de Adolf Hitler se chamava Partido Nacional-SOCIALISTA.

Acho que é porque Hitler, por exemplo, almejava o desenvolvimento econômico e tecnológico na Alemanha, para estar à frente do mundo em material bélico (misseis novos, tanques novos, etc) e assim poder dominar o mundo. Muito “lucro”; ou seja, CAPITALISMO. Ele também não se importava com a igualdade, ao contrário de, por exemplo, Stálin - embora saibamos que este era só na teoria, porque o que se viu depois foram privilégios de quem era pró governo e morte de quem era contra, inclusive pobres, negros e operários. Digamos que Hitler era mais sincero. Assim, declarou de vez que os arianos eram melhores que judeus, negros, gays, e mandou matar todos estes no ato que ficou conhecido como Holocausto. Como a igualdade não era bandeira de Hitler, tem-se nele indiretamente um posicionamento de DIREITA. Eu digo “indiretamente” porque não necessariamente uma pessoa que é contra algo é a favor do contrário desse algo. É questão de proposição lógica relacionada às ciências humanas, mas esse não é o foco aqui. Em outras palavras, em que pese a Igualdade não ser bandeira de Hitler, um dos principais preceitos da DIREITA, a Liberdade, também não o era. Analisando de outra vertente, é possível dizer Hitler era favorável sim à igualdade, porém, para tanto, deveria exterminar os diferentes.

Neste contexto, surge a semelhança de Hitler e Mussolini com as Ditaduras de Esquerda, embora fossem tidos como capitalistas: o ESTADO. Esta é a principal característica que levou à ditadura na Itália e na Alemanha. Contraditoriamente às escritas da história, seus chefes de Estado eram capitalistas, mas não liberais. Assim, tomaram conta do Estado e, por isso, ergueram suas Ditaduras. Tal fato é unânime entre todos os estudiosos: o ESTADO grande está relacionado a DITADURAS, e não à promoção da igualdade das pessoas.  A grande incógnita está no fato de essas Ditaduras serem chamadas de DIREITAS mesmo sua principal característica tendo sido herdada da ESQUERDA, que é o empoderamento do Estado.

Portanto, pode-se concluir que o conceito das DITADURAS DE DIREITA é obscuro porque une proposições contrárias (capitalismo/conservadorismo x Estado forte/contra-liberdade), já o conceito das DITADURAS DE ESQUERDA está ajustado às proposições irmãs relacionadas ao ideal de Marx (esquerda/socialismo/igualdade/Estado forte). É como se Hilter tivesse pegado uma das ideias de Marx, mas só uma delas: a que fortalecia o Estado.

No Brasil também houve uma ditadura, feita pelos militares. No nosso caso, foi uma ditadura de direita. Creio que pelos mesmos motivos do Hitler. Primeiro, eram CAPITALISTAS, financiados pelos EUA. Segundo, os militares eram CONSERVADORES, como os girondinos; ou seja, eles não creem em mudanças radicais nem querem quebrar o sistema vigente há séculos. No contexto que cito agora, pode-se classificar como “sistema vigente há séculos” a instituição familiar, a igreja, dentre outros. Por isso militares geralmente não levantam a bandeira das minorias, como LGBT e feminismo. Porém, assim como Hitler, os militares pegaram emprestado uma ideia de Marx: fazer um Estado forte.

Do outro lado da ponta, havia os guerrilheiros comunistas lutando pelo poder, sendo muito deles torturados e mortos pelos militares e realizando assaltos a bancos para financiar suas causas. Inclusive, os assaltantes de bancos atuais, como o novo cangaço, o assalto ao banco central, dentre outros, aprenderam as técnicas de roubo com os presos políticos pouco tempo antes do término da ditadura militar, momento em que houve a anistia e, junto com presos políticos, foram libertados muitos homicidas e líderes de facção criminosa, que também estavam relacionados à segregação política. Não é à toa que uma das principais facções criminosas do Brasil chama-se Comando Vermelho.  Relembra-se que o vermelho sempre esteve relacionado à ala esquerdista porque a bandeira da primeira revolução, na Rússia, em 1917, tinha a imagem de uma foice e de um martelo sobre um fundo vermelho.

E qual foi o objetivo dos comunistas no Brasil na época da Ditadura? A mesma dos exemplos tidos no mundo: apegar-se ao argumento da igualdade para comandar o Estado e realizar uma Ditadura Esquerdista. Em um país com uma desigualdade social enorme desde o seu nascimento, a causa parecia ser mais justa do que os preceitos capitalistas e conservadores da Ditadura de Direita dos militares. Porém, não vingou. Não foram os revolucionários comunistas que derrubaram a ditadura, foi a população como um todo que começou a perceber que queriam um sistema democrático, o que ficou bastante configurado nas Diretas Já. Aquilo sim foi um movimento de liberdade, porque envolvia grande parte da população, assim como o pedido de fim de corrupção em 2013. Logo, a luta da população para o fim da Ditadura não foi uma luta contra a DIREITA, o LIBERALISMO ou o CAPITALISMO, foi uma luta contra o AUTORITARISMO inerente a uma DITADURA.  Já a luta dos comunistas contra o fim da “Ditadura” não foi uma lua contra o AUTORITARISMO inerente às DITADURAS, porque eles também queriam o Estado forte, mas sim uma luta contra a DIREITA e o CAPITALISMO. Eu fico extremamente irritado quando vejo alguém dizer que a luta dos comunistas contra a Ditadura no Brasil presava pela Liberdade. Isso é mentira; não acredite!

É preciso analisar bem os conceitos e acontecimentos. Essa mancha histórica e recente nos faz, equivocadamente, e com a ajuda da mídia enganadora, classificar a DIREITA como sendo o MAL e a ESQUERDA como sendo o BEM. Temos que ter análise crítica e questionar tudo que é apresentado, mas não fazemos isso quando deixamos o apego ideológico – que se tornou apego porque preferimos escolher como sendo nosso após assistirmos as aulas de história em cursinhos e universidades públicas – nos dar uma rasteira diante dos fatos. Isso ocorreu comigo durante alguns anos.

A DIREITA, pelo lado do LIBERALISMO, parece ser mal por não se importar com a desigualdade que por ventura venha com o livre mercado. Ressalta-se que isso não significa “exploração de mão de obra por parte dos ricos”, porque são eles os geradores de emprego, e não o Estado. E pelo lado do CONSERVADORISMO, parece ser reacionária, retrógrada, contra mudanças, mesmo o termo tendo surgido em um momento histórico de desconstrução de o sistema, ou seja, propondo mudanças. Já a ESQUERDA tem o discurso mais bonito, politicamente correto. Afinal, propor a igualdade sempre será humanamente mais admirável. Porém, a história mostra que isso é mantra para os líderes esquerdistas se apoderarem do Estado, para controlar os indivíduos, os meios de produção, o armamento da nação, vendendo a ilusão de que são os responsáveis e únicos capazes de pensar pelos liderados. O resultado desse sistema são países que os indivíduos perderam a liberdade e também não ganharam a igualdade, visto que muitos deles têm população pobre elevada e são extremamente desiguais.

Ainda assim, muitos ativistas políticos de Esquerda acreditam que o socialismo é a alternativa para o combate à desigualdade. Novamente, basta observar os índices de igualdade e pobreza em países capitalistas e em países socialistas. Inclusive, nestes há um grande levante migratório para países que tenham Liberdade. É possível que as condições do Liberalismo gerem desigualdade, principalmente em um período de transição, como ocorreria em países em desenvolvimento, caso do Brasil. Contudo, não há outra alternativa. Não adianta o Estado ser visto como uma. A justiça social está na livre concorrência; na oportunidade de procurar seu empregador e sua fonte de serviços e produtos; na dignidade de receber uma renda diante de uma contraprestação de trabalho; na variedade na oferta de serviços, uma vez que contidos pelo Estado tornam-se limitados. Talvez por isso, na ordem dos Direitos elencados nos pilares da Revolução Francesa, a Liberdade está em primeiro lugar e a Igualdade está em segundo lugar.

Na atualidade, principalmente neste cenário de campanha eleitoral, é possível relacionar BOULOS, HADDAD e CIRO ao esquerdismo; e BOLSONARO e JOÃO AMOEDO ao direitismo. Muitos discordam dessa separação dizendo que nenhum deles está aliado perfeitamente ao que pregaram os idealizadores, principalmente devido aos resultados catastróficos que a História experimentou.  

O que ocorre é que todos os conceitos construídos por teóricos e atos governamentais sofreram muitas adaptações e fragmentações ao longo do tempo. Nada é muito bem definido. Assim, creio que quando Ciro apresenta suas coligações, se alia a um partido (que tem lá sua ideologia, ainda que buscando conceitos históricos fragmentados) e, principalmente, mostra suas propostas, é possível relacioná-lo ao SOCIALISMO. Obviamente, não faremos isso ao pé da letra, justamente devido às fragmentações ao longo do tempo que citei, mas se fizermos uma análise política de hoje utilizando as teorias como base, veremos que tem sentido. Por exemplo, retirar o nome das pessoas do SPC é uma medida que transfere para o ESTADO a responsabilidade obtida pelo particular, com a justificativa de que o particular não está submetido a um sistema IGUALITÁRIO que o permita ter renda para cumprir seus compromissos. Evidentemente, essa proposta está aliada aos preceitos SOCIALISTAS e de ESQUERDA. Por outro lado, quando João Amoedo diz que Empresa de Correio e Telegrafo (ECT) não é função do Estado, dar um enorme custo à máquina e tem uma grande ineficiência, indiscutivelmente sua proposta está aliada aos preceitos LIBERAIS e de DIREITA.

Por todo o exposto, somos condicionados a relacionar os seguintes conceitos. De um lado, SOCIALISMO, ESQUERDA, IGUALDADE, PROGRESSISMO, ESTADISTA. Por outro lado, CAPITALISMO, DIREITA, LIBERDADE, CONSERVADORISMO, LIBERALISMO. Já o AUTORITARISMO/DITADURA é outra coisa. Não é sistema econômico ou social; é regime de governo.

Os regimes de governo são, de um lado, AUTORITARISMO; e de outro lado, DEMOCRACIA. Claro, um sistema econômico e social focado no Estado, tal qual a Esquerda, conforme proposição de Marx, pode chegar ao regime de governo autoritarista; mas não são conceitos diretamente relacionados. Nestas eleições, percebe-se por parte dos intelectuais de Esquerda que apenas eles são politizados, como se quem votasse na ala Direita dos candidatos fosse burro, xucro, ignorante, não entendesse política ou História, não soubesse o que está fazendo. E, mesmo se auto intitulando politizados, atribuem à DIREITA o fascismo, racismo, machismo, xenofobismo, autoritarismo e homofobia. Ademais, não diferenciam racismo de injúria racial, ou xenofobismo de segurança nacional. Misturam tudo! Isso sim é desconhecimento.

Por fim, não acredito que tenha um candidato que queira implementar o SOCIALISMO no país, da mesma forma que não acredito que tenha um candidato que queira implementar a DITADURA no país. Extremistas existem dos dois lados, especialmente pelo maniqueísmo alimentado atualmente. Mas vejo que isso está mais adstrito aos grupos ativistas, variando desde homofóbicos a pessoas que esfaqueiam (literalmente) um processo do Estado Democrático de Direito. 

Quanto à desigualdade, o Brasil é desigual não pela pouca presença do Estado, que, diga-se de passagem, é enorme. Basta ver a carga tributária. É desigual por causa de corrupção, privilégios, pouca tecnologia, falta de oportunidade de emprego, capacitações profissionais, dentre outros. Nem é auxilio reclusão, abono salarial, consultas médicas por recursos do DPVAT, bolsa família, que, além de serem caros para os próprios recebedores – porque eles também pagam esta conta no ICMS, IS, IR, INSS – geram um grande rombo ao Estado devido às fraudes e corrupções. Uma pessoa honesta, trabalhadora, não quer recursos do Estado; ela quer um emprego, uma casa, e condições de comprar suas coisas sem depender de ninguém ou ficar com medo de um dia uma fonte de renda não adquirida com a contraprestação do trabalho se diluir. Só a prosperidade individual acaba com a pobreza da nação. Questões de distribuição e oportunidade são fatores primordiais, mas, conclusivamente, não estão relacionadas ao Estado grande.

O interessante é que boa parte da população que antes achava tudo isso necessário, hoje não vê mais como prioridade.  É interessante também ver muitos que votaram em Lula em outros tempos votando hoje em Bolsonaro. Parece contraditório, mas eu entendo o motivo. É o povo novamente fazendo a diferença. Isso é Democracia!




12 de maio de 2018

Lei e Honra: Valores da Justiça


Que legitimidade um agente do estado tem ao tentar fazer justiça sem estar amparado pela legislação, honra e ética? Nenhuma. É o que mais se vê. Em certos cenários, você estuda muito para atingir um patamar que lhe permita promover justiça, mas vislumbra duas alternativas: a falta de aparato para combater o crime corretamente; ou a inatuação, enquanto assiste os classificados como guerreiros atropelando a moral em prol de uma pseudo ordem.
Particularmente, sou fã do Justiceiro e do que ele representa nas histórias de heróis. Paradoxalmente, também sou fã do Batman, que, ao contrário do primeiro, não acredita no derramamento de sangue como meio para a justiça. Descobri que gosto dos dois porque talvez eu seja indiferente aos meios utilizados pelos personagens. Preso pela moral e honra, e isso ambos tem, apesar dos métodos variáveis de cada um.
Contudo, isso é na ficção. Na vida real, a maioria dos métodos alternativos incorre em uma cascata de acontecimentos que perturbam a ordem social, gerando, inclusive, guerra civil. Exemplo disso é a situação da segurança pública no Rio de Janeiro e Belém. Concordo que a legislação brasileira é frágil, a Justiça é lenta e falha, mas parte da ineficácia da segurança pública está em como os policiais enxergam a polícia.
Transferem para a Justiça a responsabilidade de indivíduos perigosos estarem livres, ignorando a falha na instrução criminal para produção de provas robustas que é o que os manteriam presos. É a máxima “A polícia prende e a Justiça solta”. Mas em grande parte dos lugares a delegacia de polícia se resume apenas a flagrantes e registro de ocorrências.  O resultado disso é que grandes criminosos, como chefes de organizações criminosas, assaltantes de bancos, dentre outros, são detidos em um flagrante por porte ilegal de arma, por exemplo.
A partir disso, para suprir todo esse sistema falho, ignorando, principalmente, a necessidade de um novo modelo de polícia, o investimento em tecnologia, a utilização da Inteligência Policial, e o foco na produção de provas, os agentes da segurança deixam de ser policias e tornam-se soldados. Porém, ao contrário do Justiceiro e do mundo imaginário, os interesses pessoais se exaltam ao se verem apoiados no manto das instituições armadas, revelando grupos de extermínio, homicidas mediante recompensa, forjadores de flagrante, invasores de domicílio, praticantes de corrupção passiva e extorsões, milicianos. Enfim, todo tipo de vantagem indevida que se aproveita da sensação de justiça feita com as próprias mãos. Afinal, isso é mais fácil e rentável que trabalhar provas em uma investigação e receber o salário de um policial.
Neste contexto, percebe-se também que surge a relativização de que uns crimes devem ser combatidos (os praticados pela escória da sociedade) enquanto outros são uma mera consequência de um sistema imperfeito que, por isso, devem ser relevados (os praticados por representantes dos órgãos públicos). O irônico é que, não raro, estes aparecem em televisão, campanhas, audiências públicas, e outros, para debaterem a criminalidade da região e pensarem em alternativas para redução dos índices. Hipocrisia! Ao selecionarem os crimes que repudiam ou participarem dos que ignoram, não emanam esforços para a atuação sem segregação. Assim, colecionam ações sem valor moral para a comunidade, pois não há honra em atender interesse de uns grupos ou explorar a condição desfavorecida de outros. É dessa quebra de convenções éticas da sociedade que brota a falta de respeito à autoridade policial, alimentando cada vez mais a briga entre polícia e ladrão: represálias, ameaças, retaliações.
Portanto, a honra e valores éticos devem estar intimamente ligados à aplicação da Lei para a verdadeira promoção de Justiça. Apenas assim se alcançará a ordem, como um meio para a paz, e não como objeto do medo. Entretanto, infelizmente, ser honesto e combativo na atividade policial são dois atributos que às vezes parecem ser inversamente proporcional no sistema de segurança pública.  
Quer atuar como Justiceiro na vida real? Busque esse equilíbrio e se aproximará de ser um.