6 de janeiro de 2017

Aprovação às Matanças em Presídios



Em meio à multidão que atualmente palpita sobre os acontecimentos que repercutem, não pude deixar de expor uma ideia sobre a matança nos presídios. Porém, diferentemente da maioria, e principalmente de colegas policiais, permito-me a relatar com outro teor.
Infelizmente, não consigo encarar a carnificina como algo benéfico à sociedade ainda que uma quantidade considerável de bandidos esteja conhecendo o inferno nesse momento. Mas penso primeiramente o quão sanguinários estão os agentes do crime. E o Estado tem que tomar providência rápida, em âmbitos estruturantes e, inclusive, "culturais". Esse é o principal recado!
Não me assusto quando civis defendem “que eles se matem”, “espero que morram todos”, afinal, eles são leigos e não têm a responsabilidade direta de zelar pelo Estado. Mas quando a própria segurança pública apoia guerra civil, ela abre mão da força legal que ela mesma resguarda, como autoridade do Estado. É um tiro no pé; é fragilizar a polícia.
Engraçado que muitos que defendem os massacres acham Fascista quando se propõe a pena de morte, ou pena perpétua com trabalhos forçados, como uma alternativa de pena máxima no Brasil. Contudo, ao surgir barbárie exercida entre criminosos, acham positivo. É a mesma vertente: “justiça” sendo feita utilizando a morte como punição. Mas há duas diferenças. Uma é que a praticada pelos criminosos são monstruosas e divulgadas, além de objetivar a exposição de poder paramilitar, e não a promoção de justiça. Outra é que o agente ativo desta ação não tem legitimidade para tal.
            Um exemplo claro do erro despercebido é comparar esses assassinatos com a atuação do Estado no Carandiru. Nesta situação, busca-se criminalizar os policiais, que, dentro do cumprimento do dever legal, fizeram a limpeza; e na dos presídios de Manaus e Boa Vista, engradecem os criminosos, uma vez que, a meu ver, festejar essas mortes é aplaudir quem mata.
De forma estatística, essas matanças podem até reduzir o número de bandidos vivos, mas a força aplicada pelo lado sombrio marca mais uma vez a histórica fraqueza do Estado brasileiro em seu tempo democrático. E, novamente, temos a oportunidade de avançar em parte de nossa cura, mas somos ignorantes demais para perceber!  
            Logo, a alternativa não é legitimar o crime. Não é aumentar audiências de custódias para evitar o encarceramento. Nem culpar a terceirizada que administra o presídio, muito menos a condição social que os detentos foram submetidos. Isso tudo é muito pequeno diante do que foi mostrado à sociedade. Eles estão ascendendo, e vão quebrar o equilíbrio independente dessas medidas micro.
            Na ausência do Estado, que Deus nos proteja.