13 de dezembro de 2015

Gratidão e Amizade

Quando vejo um comportamento na “rua” que me desagrada, como uma criança pedindo esmola, uma prostituição deliberada, um drogado perambulando como um zumbi, um estressado no trânsito que não respeita a sinalização, uma pessoa cortando fila ou enganando os outros, um cliente sendo arrogante com o vendedor, eu sempre digo que faltou uma coisa: família. Posso estar errado, mas nem toda dificuldade do mundo vence o poder do amor de uma família. É devido a esse poder que eu me tornei o que sou e, por isso, agradeço primeiramente à minha família por mais essa conquista. As condições que foram me dadas podem até ter facilitado para mim, mas sei que para os meus pais foi muito sofrido criar os filhos num mundo tão brutal, logo toda vitória minha será primeiro deles. Mamãe, Papai (in memorian), Daniel, Camila, Barbosas, Batistas, Vilas Boas, eu amo muito vocês!
Sou grato especificamente ao meu primo Ricardo, que me deu a motivação inicial, inseriu-me no mundo dos concursos e forneceu os primeiros materiais. Aos meus amigos Menderson e Fochi, pelas discussões jurídicas e por terem esclarecido jargões do ramo do Direito no início da trajetória. Aos bravos companheiros de guerra, Oberdan e Vitão, que participaram da minha rotina em um dos momentos mais conturbados de nossas vidas. Sábados, domingos e feriados; dez, onze horas de estudos diários, realizando grupos de discussões e troca de informações via email. Foram grandes aliados para a minha aprovação. Foi nessa fase que eu comecei a me sentir capaz de obter sucesso, tendo a consciência de que estava preparado e humildade de que não poderia deixar de continuar aprendendo. O ombro desses caras foi forte não apenas por compartilhamento de conhecimento, mas de dar segurança um para o outro, cada qual na sua área de atuação, nos completando.
Devo referir-me também de forma direcionada ao meu primo Cesar e sua família, que me recepcionou em sua casa como se na minha eu estivesse, sem melindre para me levar e buscar aos locais de todas as fases do concurso. Ao Guilherme, que saiu de educador físico para um grande amigo, e Anderson, técnico da equipe de natação; pessoas que me passaram técnicas e realizaram pesquisas sobre melhores exercícios a fim de colaborar com as difíceis atividades as quais fui submetido. Ao Tiago e Mateus, que me faziam sentir acolhido após a chegada em Brasília; por muito tempo, era apenas ao estar com eles que eu tinha um pouco da sensação de estar integrado aos costumes e essência da minha terra. Aos aprovados de Montes Claros, pelos treinamentos conjuntos e troca de auxílio no que se refere às documentações pedidas. Enfim, a todos estes e demais amigos, do ensino fundamental e médio, da faculdade, da natação, das lojas, da academia, que entenderam minha falta em eventos marcantes e compraram comigo esse desafio.
Obrigado ao fórum Missão Papa Fox, galera que tem um gigantesco nível de altruísmo e espírito de coletividade. Além disso, são pessoas que não ouvi fazerem menção a aproveitamento pessoal com a utilização do cargo, coisa que não foi unânime entre os aprovados que conheci. Estes serão aqueles que olharei e lembrarei: eles colaboraram com a minha aprovação sem eu nunca ter visto o rosto. À Turma Padrão, que talvez tenha sido o meio de convívio social que mais me fez aprender na vida. Diante de um turbilhão de posicionamentos diferentes e com argumentação para defendê-los, tornei-me um filtrador de opiniões e observador de pessoas, aderindo o bom, descartando o ruim e, assim, fortalecendo meu caráter. Além disso, esse grupo, paradoxalmente, me fez aprender com a solidão à medida que eu avaliava as ações dos colegas e refletia sobre como farei para ser um bom servidor público; deste contexto, levarei amizades e pessoas que admiro e respeito. À orientadora Neuza, que conseguiu ser severa, mas também uma “mãezona” para nós, torcendo nas provas e nos protegendo de injustiças nos deslocamentos e descumprimento de regras pelas outras turmas.
Aos meus melhores amigos na ANP, Stefano, Silvio, Shwerbert, e os japoneses Shanon e Suguimoto. Às vezes tive dúvida se a afinidade desse pessoal era uma mera consequência de estarmos no mesmo alojamento. Mas não, o dia-a-dia juntos pode até ter intensificado, mas com certeza tivemos sorte do acaso ter nos unido. Estamos longe de ser parecidos, mas algo no meio de nossas ideias distintas nos conectou, possibilitando uma integração que não se via em outros grupos. Atribuo também essa harmonia à nossa maturidade de entender que o sistema era maçante e à pré-disposição de se prejudicar pelo outro, como cedendo alimentos, desfazendo do seu tempo para dar dicas para as provas, doando remédios, “cortando o cabelo”. Conosco era assim: se um atrasa, o outro espera; se um fraqueja, o outro o levanta; se um se ofende, o outro se desculpa. Como costumo dizer, esses caras foram minha família nesses meses.
Agradeço a Deus por ser o promotor principal disso tudo. Sempre me questionei quanto à interferência Dele em nossas vidas, visto que esta começa quando o livre arbítrio e a responsabilidade de nossas próprias ações terminam. Porém, tantas coisas boas que acontecem ao meu redor as quais não dependem somente de minhas ações – como alguns processos questionáveis desse concurso – me fazem ter certeza de que um ser superior está me abençoando. Por isso, agora mais do que nunca, sou grato a Ele.
Finalmente terminou (o texto e a árdua caminhada), e quanto feliz estou! Sempre achei importante palavras de reconhecimento, mas o essencial a se dizer aqui é que não haverá melhor forma de agradecer do que prestar um serviço público de qualidade e lembrar de todos vocês, que puseram fé em mim, como parte da sociedade que servirei com determinação, ética e justiça.