1 de maio de 2012

O que ficou do que virá

Há exatamente um ano e sete meses faleceu o maior homem que conheci. Chamava-se Hércio Batista, mais conhecido como Tilico. Para mim, apenas Papai.  Viveu cinquenta anos de batalha e alegria. No dia, houve homenagens, um semblante de paz e sorriso, e muitos choros sinceros.
Foi pessoa e agora é alma protetora. É a ele que me recorro quando fraquejo e isso me dar força para reerguer, junto com a responsabilidade que ele me deixou de cuidar do que é nosso, como lojas, família, sítio e nome.
Infelizmente, sua imagem vai ficando para trás e eu vou me acostumando com as novas pessoas, novos tempos e, aquilo tudo, cada vez mais se torna passado, se torna distante. Nesse sentido, o tempo é cruel! Em contrapartida, é isso que alivia minha dor e me faz viver tranquilo, pois é o sinal que estamos nos reaproximando a cada dia, fato que será concretizado quando eu me for. Nesse sentido, o tempo é parceiro!
A relação com meu pai era boa, cumprimentava-nos com “selinho” e tínhamos respeito mútuo. Ele, com sua autoridade, soube me educar sem precisar falar muito ou bater. Falava com os olhos! E eu, diga-se de passagem, nunca levantei a voz, mesmo nas vezes que o achava errado. Tínhamos gênios parecidos e essa semelhança unida ao respeito não nos deixava expressar nossos sentimentos. Logo, éramos um pouco distantes por sermos iguais!


Ele foi uma pessoa tão inspiradora e importante para mim que eu tinha orgulho das suas manias, expressões e até defeitos. Sua rigorosidade e jeito pacato me pareciam ser uma das formas de sustentar seu orgulho e, consequentemente, seu caráter, palavra e honradez.
Quando alguém morre, é moda fazer tal pessoa virar “mártir”, por isso não ignoro seus defeitos, mas também não me difiro daqueles que já passaram por isso e dizem “Como eu poderia ter feito isso... Como poderia ter sido assim...”. Pois podemos ter feito tudo, que sempre aparece algo que não fizemos. Descobri que isso é efeito da perda!
O sofrimento teve consequências positivas também, como tudo na vida. Meu pai teve de ir para eu me tornar uma pessoa melhor, me importar com os outros, entender as emoções e saber o quanto é importante dizer “amo você” no dia dos pais, na ceia de natal ou qualquer outro dia – como vinha fazendo nos últimos anos. Além disso, me tornei “homem”, com responsabilidade e maturidade que a vida exigiu de mim, e não negligenciei.
Por fim, não pensei que sua morte machucaria tanto. Essa dor será amenizada quando eu tentar ser para alguém o que ele foi para mim, por isso, espero pelo meu filho e olharei para um através do outro. A fisionomia, jeito, ações e legado do grande Tilico ficarão sempre conosco por meio da memória, do seu livro (que ainda será publicado), dos patrimônios que construiu, do salão de festa que tomou seu nome e, principalmente, das lembranças maravilhosas. 

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Queria agradecer aqui o Gabriel Brant, pelo seu comentário nesse texto, que só caiu no meu email e não apareceu aqui. E também a prof. Geralda Eliana que comentou outro texto, e o comentário teve o mesmo destino.

    Mas já resolvi esse problema na configuração do blog, espero. Agora, as pessoas que não seguem também poderão comentar.

    Obrigado a todos!

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  3. "Foi pessoa e agora é alma protetora"

    lindo o amor de vocês!

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