Quando vejo um comportamento na “rua” que me
desagrada, como uma criança pedindo esmola, uma prostituição deliberada, um drogado
perambulando como um zumbi, um estressado no trânsito que não respeita a
sinalização, uma pessoa cortando fila ou enganando os outros, um cliente sendo
arrogante com o vendedor, eu sempre digo que faltou uma coisa: família. Posso
estar errado, mas nem toda dificuldade do mundo vence o poder do amor de uma
família. É devido a esse poder que eu me tornei o que sou e, por isso, agradeço
primeiramente à minha família por mais essa conquista. As condições que foram
me dadas podem até ter facilitado para mim, mas sei que para os meus pais foi
muito sofrido criar os filhos num mundo tão brutal, logo toda vitória minha
será primeiro deles. Mamãe, Papai (in
memorian), Daniel, Camila, Barbosas, Batistas, Vilas Boas, eu amo muito
vocês!
Sou grato especificamente ao meu primo
Ricardo, que me deu a motivação inicial, inseriu-me no mundo dos concursos e
forneceu os primeiros materiais. Aos meus amigos Menderson e Fochi, pelas
discussões jurídicas e por terem esclarecido jargões do ramo do Direito no
início da trajetória. Aos bravos companheiros de guerra, Oberdan e Vitão, que
participaram da minha rotina em um dos momentos mais conturbados de nossas
vidas. Sábados, domingos e feriados; dez, onze horas de estudos diários,
realizando grupos de discussões e troca de informações via email. Foram grandes
aliados para a minha aprovação. Foi nessa fase que eu comecei a me sentir capaz
de obter sucesso, tendo a consciência de que estava preparado e humildade de
que não poderia deixar de continuar aprendendo. O ombro desses caras foi forte
não apenas por compartilhamento de conhecimento, mas de dar segurança um para o
outro, cada qual na sua área de atuação, nos completando.
Devo referir-me também de forma direcionada
ao meu primo Cesar e sua família, que me recepcionou em sua casa como se na
minha eu estivesse, sem melindre para me levar e buscar aos locais de todas as
fases do concurso. Ao Guilherme, que saiu de educador físico para um grande
amigo, e Anderson, técnico da equipe de natação; pessoas que me passaram
técnicas e realizaram pesquisas sobre melhores exercícios a fim de colaborar
com as difíceis atividades as quais fui submetido. Ao Tiago e Mateus, que me
faziam sentir acolhido após a chegada em Brasília; por muito tempo, era apenas
ao estar com eles que eu tinha um pouco da sensação de estar integrado aos
costumes e essência da minha terra. Aos aprovados de Montes Claros, pelos
treinamentos conjuntos e troca de auxílio no que se refere às documentações
pedidas. Enfim, a todos estes e demais amigos, do ensino fundamental e médio,
da faculdade, da natação, das lojas, da academia, que entenderam minha falta em
eventos marcantes e compraram comigo esse desafio.
Obrigado ao fórum Missão Papa Fox, galera que
tem um gigantesco nível de altruísmo e espírito de coletividade. Além disso,
são pessoas que não ouvi fazerem menção a aproveitamento pessoal com a
utilização do cargo, coisa que não foi unânime entre os aprovados que conheci.
Estes serão aqueles que olharei e lembrarei: eles colaboraram com a minha
aprovação sem eu nunca ter visto o rosto. À Turma Padrão, que talvez tenha sido
o meio de convívio social que mais me fez aprender na vida. Diante de um
turbilhão de posicionamentos diferentes e com argumentação para defendê-los,
tornei-me um filtrador de opiniões e observador de pessoas, aderindo o bom,
descartando o ruim e, assim, fortalecendo meu caráter. Além disso, esse grupo,
paradoxalmente, me fez aprender com a solidão à medida que eu avaliava as ações
dos colegas e refletia sobre como farei para ser um bom servidor público; deste
contexto, levarei amizades e pessoas que admiro e respeito. À orientadora
Neuza, que conseguiu ser severa, mas também uma “mãezona” para nós, torcendo
nas provas e nos protegendo de injustiças nos deslocamentos e descumprimento de
regras pelas outras turmas.
Aos meus melhores amigos na ANP, Stefano,
Silvio, Shwerbert, e os japoneses Shanon e Suguimoto. Às vezes tive dúvida se a
afinidade desse pessoal era uma mera consequência de estarmos no mesmo
alojamento. Mas não, o dia-a-dia juntos pode até ter intensificado, mas com
certeza tivemos sorte do acaso ter nos unido. Estamos longe de ser parecidos,
mas algo no meio de nossas ideias distintas nos conectou, possibilitando uma
integração que não se via em outros grupos. Atribuo também essa harmonia à
nossa maturidade de entender que o sistema era maçante e à pré-disposição de se
prejudicar pelo outro, como cedendo alimentos, desfazendo do seu tempo para dar
dicas para as provas, doando remédios, “cortando o cabelo”. Conosco era assim:
se um atrasa, o outro espera; se um fraqueja, o outro o levanta; se um se
ofende, o outro se desculpa. Como costumo dizer, esses caras foram minha
família nesses meses.
Agradeço a Deus por ser o promotor principal
disso tudo. Sempre me questionei quanto à interferência Dele em nossas vidas, visto
que esta começa quando o livre arbítrio e a responsabilidade de nossas próprias
ações terminam. Porém, tantas coisas boas que acontecem ao meu redor as quais
não dependem somente de minhas ações – como alguns processos questionáveis
desse concurso – me fazem ter certeza de que um ser superior está me abençoando.
Por isso, agora mais do que nunca, sou grato a Ele.
Finalmente terminou (o texto e a árdua
caminhada), e quanto feliz estou! Sempre achei importante palavras de reconhecimento,
mas o essencial a se dizer aqui é que não haverá melhor forma de agradecer do
que prestar um serviço público de qualidade e lembrar de todos vocês, que
puseram fé em mim, como parte da sociedade que servirei com determinação, ética
e justiça.