19 de outubro de 2014

Eleições 2014: Manifesto Centrista

            Eu, que sempre gostei de discussões políticas, tentei ao máximo me isentar delas nestas eleições. Um dos motivos é a dificuldade de expressar o que penso no momento, visto que há muita profundidade; bifurcações e interações nas informações que fazem o foco se dissipar; e uma sensação de nunca chegar aonde quero. Além disso, perco-me na retórica ao tentar relacionar todos os pontos. Mas não resisti, e fiz este texto – que teve um rascunho de seis páginas – para expor meus argumentos de forma compactada.
          Muitos me chamavam de esquerdista no início da faculdade, e isso me irritava um pouco porque apenas queria justificar o desenvolvimento econômico e social do país com as felizes posturas adotas pelo governo na época. Atualmente, penso diferente, não por ser incoerente, mas por crer que o momento é outro. Nesses cinco anos, o Brasil mudou e o governo não inovou. O que se vê é um continuísmo estagnado nos “mesmos moldes” daquele que foi quebrado com a chegada do PT no poder.
            Ademais, irritava-me não por se tratar de esquerdismo, mas por impetrarem em mim a defesa por uma bandeira. E hoje vejo que a defesa por uma bandeira, doa a quem doer, é falta de sabedoria política. Como cidadãos, devemos ser imparciais e buscar o melhor, deixando o partidarismo apenas para aqueles que fazem parte dele: os políticos. Sempre achei que o Brasil não tivesse ideologia partidária, pois há muitos partidos e trocas recorrentes de seguidores; sem contar as suas nomenclaturas controversas. O partido social-democrata (PSDB) é o principal direitista; os “democratas” (DEM) tem seus primórdios no ARENA da Ditadura; o partido dos “trabalhadores” (PT)... nem vou dizer! E por isso deveríamos ter apenas duas frentes fortes. Ao mesmo tempo penso que isso contradita o centrismo que vislumbro atualmente. Porém, percebi que essas duas ideias, na verdade, se completam à medida que os políticos sejam ideológicos e partidários e os cidadãos imparciais e analistas.
           Neste contexto, a alternância das duas frentes mediada pela população seria benéfico para haver equilíbrio de prioridades em meio ao desenvolvimento. Teríamos foco na República, instituições, economia, liberdade, por uns tempos; e foco na Democracia, participação, inclusão, igualdade, em outros. Delfin Netto diz que às vezes o próprio sistema se encarrega disso, e eu concordo. O enfraquecimento do PT é reflexo desse sistema autônomo e reformista, que, ao meu vê, é sinônimo de maturidade da população. Por exemplo, o pobre nunca foi lembrado e o discurso era sempre de “crescer o bolo para depois dividir”; a consequência disso foi Lula no poder. Hoje há recessão técnica, necessidade de infraestrutura, mais demandas por segurança, saúde e educação; e as ações são voltadas para o contingenciamento de recursos a fim de continuar com o distributismo; a consequência poderá ser a saída de Dilma.
         Na minha avaliação, hoje nossos desenvolvimento econômico e social são fragilizados. Questiono o desenvolvimento social – que tanto é posto em pauta -, pois este conceito não abrange apenas ascensão à classe média e distribuição de renda, mas principalmente o bem estar e satisfação da população como um todo. Conseguiu-se fazer a geladeira, celular, carro, energia, DVD, etc, chegarem na casa de muitos que não tinham, mas esse mesmo povo não quer mais a esmola necessária outrora. Eles, que estão se voltando contra o estilo Robin Hood de governar – e antes eram objeto dele – não podem se sentir oprimidos por isso. Um governo que foi bom antes pode não ser agora, e vice-versa. Enquanto levarmos para a política a gratidão que temos nas relações pessoais, abriremos portas para a compra de votos, afinal, direitos são adquiridos – e não dados – e pertencem ao povo – e não a um partido, a despeito de um titular ter lutado e implementado tal conquista. Logo, o que conseguimos de importante permanecerá, pois ir contra isso é atentar contra o povo, e os políticos já não tem essa coragem.
            Não crer que uma nova posição política frente a necessidades de mudança seja importante é como não crer que o PT foi importante em um pais que nunca se voltou à população desfavorecida. E esse “novo” não pode ser menosprezado por ser simplesmente o novo para o momento, e não o diferente de tudo que já existiu, afinal, os pilares políticos são inabaláveis e inerentes ao homem e, mesmo que o novo que sempre esperamos tivesse sido nos apresentado dessa vez, ele seria o “retrógado” de amanhã. Além disso, a campanha do atual governo que prega o novo é contraditória, não porque o mesmo grupo não possa inovar, mas porque não demonstra atitudes de mudança. E não demonstra porque o modo de governo já foi apresentado e esgotado; pelo menos no contexto atual.
          Encaro muitos dos atuais eleitores de Dilma como tendo alguns perfis. Uns são aquelas pessoas a quais os gastos exacerbados são destinados, que ganharam status social, mudaram de vida, e todo o resto não interessa. Eles são a prova da falta de Educação e o sentimento de muitos de que o distributismo não veio para o crescimento, mas para manipular um povo rejeitado. Para eles, não há coletividade, só há avaliação da condição pessoal. Outros são os partidários, revestidos de uma rixa com a oposição, e, apesar de serem instruídos, supervalorizam uma conquista – seja pessoal ou coletiva – que o fizeram identificar com o PT de tal forma a nunca abandoná-lo; além dos detentores de cargos políticos, cabos eleitorais, enfim, abutres que se beneficiam dos resquícios patrimonialistas, ao invés de representar a democracia republicana, e atribuem toda performance negativa à exposição desleal da mídia manipuladora e direitista. Ressalta-se que estes últimos também existem do outro lado, e muito. Enfim, nesses perfis eu não me enquadro, mas respeito aqueles que, apesar de tudo, consideram sinceramente que é mais viável a permanência dos que aí estão, já que não temos muita opção. 
         A atual política adotada me leva a pensar o quanto é difícil sairmos da possibilidade de viver sem disputa de classes, a qual é intensificada rotineiramente. Vejo instigada a disputa entre negros e brancos; entre homem e mulher, a exemplo do movimento feminista radical; entre direita e esquerda, maniqueísmo político que infelizmente não se restringe à elegibilidade passiva; entre empregador e empregado; e, principalmente, entre pobres e ricos, a qual os ricos são vistos como exploradores – e não como quem trabalhou e cresceu –, e os pobres são vistos como objeto de manobra do governo – e não quem merece ter chances e apoio. Esse padrão político nos leva definitivamente a um combate social não produtivo. Deve-se ter muito equilíbrio ao implementar ações afirmativas, pois elas podem ter efeitos totalmente contrários aos que se propõem. John Forbes Nash diz, em “Uma Mente Brilhante”, ao contestar Adam Smith, que a disputa interminável dos indivíduos pela sua conquista pessoal, na verdade, leva todos a perderem.
         Para não ficar muito vago, vou expor alguns fatos concretos que me fazem não votar em Dilma, mas ressalvo que todos eles tem contra-argumentações e carecem de outros textos específicos. Diante de todo o exposto, tive como parâmetro principal a Economia e Administração Pública, ambos revestidos de uma postura política robusta. Além de ser as áreas que eu entendo um pouco mais, são a base para o êxito do restante. Em relação aos setores da sociedade, me desagrada o desinteresse pela Segurança Pública – salvo o combate a crimes de colarinho branco - e uma interpretação diversa da que eu considero relevante como fatores necessários para alavancar a Educação.
A atual gerência do Estado subestima a capacidade de seu povo. Percebo uma diminuição de autonomia, legislação punitiva, medidas restritivas, burocracia disfuncional em detrimento de aconselhamentos que permitam as pessoas fazerem por si só e sofrerem de forma incisiva as consequências, sejam negativas ou positivas. De neoliberal nós só temos o consumismo, pois organismos internacionais já disseram que nós, juntamente com a Argentina, somos o país mais protecionista do mundo. É claro que para fazer diferente é preciso confiança de um e honestidade do outro, o que dificilmente encontramos; e é aí que entra os investimentos em Educação. Por fim, nem considerei a fraquíssima liderança política de quem nos governa para alianças e articulações juntamente, de forma contraditória, com a falta de esforço para encarar barreiras de interesses escrotos e fazer o que deve ser feito como, por exemplo, foi feito ao implementar o Mais Médicos e enfrentar a Máfia Branca. Resultado: não nos sentimos representados.
No que diz respeito à Economia e à parcela financeira da gestão, somos unânimes que estão um fracasso, rompendo com um desenvolvimento crescente de anos e com o estigma de país emergente mais promissor dos BRICS. A inflação, que não é apenas “não comprar com o mesmo dinheiro aquilo que comprou no mês passado”, eleva o Custo Brasil e está altíssima frente ao PIB, que está sendo empurrado para baixo em função da rejeição à Indústria. Em meio a isso tudo, o Ministro da Fazenda diz que tivemos menos dias úteis no ano e que a Crise dos PIIGS nos afeta consideravelmente, mesmo nossa maior parceira sendo a China. Aí detona qualquer previsibilidade positiva dos agentes econômicos. Até o desemprego, que está baixíssimo, tem suas controvérsias diante do enorme gasto com direitos trabalhistas. Aliás, o princípio da não-vinculação orçamentária já tem tantas exceções que elas viraram a regra.  Além disso, a impulsão da demanda ocorrida com a ascensão social e, principalmente, como medida anti-crise, parece não terminar, levando a uma supervalorização do “ter’.
Apesar disso tudo, fico feliz por essa disputa eleitoral estar tão acirrada; isso mostra que o povo está mais consciente e qualquer escorrego do candidato eleito pode ser fatal. Assim, crescem as chances de eles fazerem as coisas certas quando eleitos e, infelizmente, se digladiarem enquanto candidatos – coisa que os petistas criticavam muito no 1º turno. Vivemos numa democracia, e estamos aprendendo o que é isso, mas ainda não fomos emancipados. Esta é uma hora em que damos mais um passo para a emancipação, e se desvencilhar de um governo que vem se mostrando tutor, restritivo, controlador e ineficiente nos serviços públicos, é um bom começo. É a busca por uma liberdade, por mais que o preço dela seja a perca da igualdade. Será outra medida custosa, mas necessária, assim como muitas do PT.
Então, percebe-se que o que penso não é somente as posições especificas tomadas pelos nossos representantes sobre os diversos setores na sociedade, mas também algo impalpável, talvez institucional, uma sensação, uma coisa que paira nos tempos atuais que não consigo decifrar e me incomoda e que, muitas delas, são efeitos do grupo político que governa. Em complemento, expus uma visão holística e insights que tive no decorrer dessas eleições, não apenas sobre a política, mas, mormente, sobre aspectos gerais que avalio e me indigno no meu dia-a-dia. Cabe dizer ainda que, apesar do desabafo, continuo com a mesma sensação dita acima, mas valeu compartilhar.
Antes de terminar, quero dizer que, no final, a culpa é tanto nossa como a responsabilidade de mudança. Nossa postura é a que resume todo o ambiente negativo; embora me convenci de que isso é uma questão histórica e cultural, também penso ser mutável a longo prazo. E por que somos uma raça tão “peculiar” assim? Acho que é porque não somos instruídos a fazer diferente, porque para a maioria tudo é normal, e porque o sistema nos obriga a agir errado. Nesta campanha, cheguei a ouvir que o “reestabelecimento da ética e moral” é uma afronta e desrespeito aos padrões atuais. Por isso e muito mais, gostaria de destinar meu voto àqueles que têm maior disposição em nos mudar, e não àqueles que se aproveitam de como somos. Na falta disso, eu me contentei com o repúdio à permanência do que vejo.
Portanto, olhemos para nós e tentemos agir diferente a cada dia. Posso estar errado, mas a procura incessante pelo acerto já me deixa orgulhoso de mim. Aliás, tenho base nas Ciências Sociais, e elas demonstram que não há certo ou errado, o que há são construções através do pensamento. Em suma, acho que me isentei dessas discussões porque percebi que não há o melhor, como creem as pessoas que insistem em persuadir ao justificar seu voto, mas sim posturas diferentes, cada um com sua prioridade; uns acertando mais, outros encontrando mais empecilhos; e a maioria com suas falcatruas. Um verdadeiro Centrismo na percepção, não obstante a uma escolha no final. Enfim, posso não me satisfazer com Aécio assim como Dilma não me agradou, mas meu voto nestas eleições é pela mudança.

1 de agosto de 2014

Clipe Pessoal de Natação

Ainda não tinha feito vídeos de natação abrangendo filmagens de vários ângulos e, inclusive, submersas. Limitava-me a vídeos de competições e brincadeiras na piscina. Então, resolvemos 'tirar' um dia de treino para fazermos as gravações. Hoje mensuro a importância das filmagens pessoais para a evolução técnica no esporte. A partir desses materiais colhidos, meu irmão Daniel selecionou as melhores partes e produziu o seguinte clipe. Gostei!




Daniel Soares Batista
Acadêmico de Publicidade e Propaganda
18 anos

Agradecimento aos Pais Presentes no Coração

Fiz, no último dia 20, um ano de formado, e havia me esquecido de colocar no blog meu texto de agradecimento aos pais presentes no coração. Agora aqui está:

"Você me deixou antes da chegada deste grande momento, mas tenho a certeza de que esta recebendo esta mensagem em algum lugar e sentindo a minha emoção. Nada que eu disser será o bastante para expressar a sua essencialidade no caminho percorrido e nessa vitória alcançada.
A distância é inconcebível e a nostalgia dos tempos que não voltam é grande. Sinto saudades! Mas convenço-me a cada dia que a sua partida não te afastou de mim. Você está no meu coração, nas lembranças, nos meus sonhos. Sempre me pego conversando contigo e você, de alguma forma, me responde. Você se tornou a proteção invisível que me refloresce nos momentos difíceis, a energia que me fortifica e me faz reerguer nos tropeços em qualquer percurso.
Percebo depois que essa força é nossa, que a energia é conjunta e que você está em mim. Embora não te veja, não te ouça e não te abrace, sinto sua presença em minha alma. Seus ensinamentos direcionarão minhas atitudes eternamente. Senti você em todos os momentos dessa caminhada, assim como sinto você agora. Com isso, agradeço-te.
Agradeço por ter grande parcela na minha formação. Agradeço pela educação e caráter ensinados; broncas e conselhos dados; e pelo amor doado. Serei fiel aos seus princípios. Agradeço por ter me dado a oportunidade de lutar pelos meus sonhos, e por ter compartilhado comigo as tristezas e alegrias vividas.
Enfim, é por tudo isso e muito mais que você faz parte da persistência e inspiração que me fizeram concretizar esse sonho. Por você, quero vencer. Por você, quero ser melhor. Para você, dedico esta conquista! Muito obrigado."


2 de junho de 2014

No Pain No Gain

Em Agosto de 2009 eu comecei a frequentar academia, com 65 quilos e 7% de gordura. O treinamento tinha o objetivo estrito de auxiliar na natação, e à medida que o tempo passou fui modificando os meus objetivos. O fato é que 4 anos e 10 meses depois a diferença corporal pode não ser tão grande, mas acredito que essa alternância de objetivos – hipertrofia, perca de gordura, explosão, resistência – contribui para o fator “saúde”.


Atualmente, estou em meio ao objetivo de ganho de massa magra, e talvez seja o mais eficaz de todos até hoje. Quando se malha nesse ímpeto, ouve-se muita coisa, principalmente devido ao alcance de resultado. Por exemplo, sempre há as clássicas expressões “está legal, não passe disso!”, “já deve parar, caso contrário, ficará feio”, “quais os venenos está tomando?”.
Isso tudo é até legal e, geralmente, vem de pessoas que gostam de você. Mas o menos engraçado são os que atribuem seus resultados a tudo, menos a você, além de aderirem o estigma de subestimação do nível intelectual do considerado “bombado”. Em geral, para tais pessoas, o mais importante é o suplemento, o personal, a sofisticação dos aparelhos da academia, a disposição de tempo, a tendência genética, o metabolismo, a condição financeira, etc. Elas se esquecem do agregador disso tudo e, portanto, o principal responsável pelos alcances: você.
Particularmente, acredito que o maior responsável de nossas conquistas somos nós mesmos, independente dos aparatos ou percalços que temos. Isso vale para tudo que se deseja alcançar na vida. Na questão exposta, muitos se esquecem da determinação no momento do treino; da paciência para esperar o que deseja; do sacrifício em deixar de comer tantas coisas que gostaria ou beber cerveja com os amigos; da preocupação com o sono perdido ou aspiração do horário de comer; do esforço para adequar horários e calendário; das horas de planejamento e análise dos custos da alimentação, mensalidades; e outras abdicações.
Um ponto muito discutido na musculação mais intensa é a suplementação alimentar. Pessoas que pensam ser os sabedores insistem em alertar sobre o que te faz mal, quase sempre criminalizando o uso de suplementos ou julgando suas decisões. Isso já virou cultural. O importante mesmo é ter conhecimento das condições do seu organismo e usar as dosagens adequadas, pois tudo pode fazer mal se não souber usar, não apenas suplementos que, diga-se de passagem, não são “bombas” ou esteroides.
Para finalizar, não se deve avaliar o outro sem conhecer toda a cadeia de variáveis em que ele se encontra; muito menos usar da facilidade alheia e das dificuldades que se tem como forma de justificar a derrota. É certo que os atributos do terceiro parágrafo sem os atributos do quarto parágrafo não te levam a nada, mas o contrário te leva aonde você quiser. Por isso, aceite sua condição, arrume uma alternativa, trabalhe com o que tem, mas trabalhe. Tem que trabalhar! Pois “no pain, no gain”. 

22 de março de 2014

Verdade, Justiça e Vingança


Em meio a várias discussões em bares e rodas de viola, sobre filosofia da realidade e verdade, sociedade e conduta, dentre outros, cheguei numa reflexão sobre vingança e justiça. Há algum tempo eu queria tratar desse tema, mas ainda não tinha chegado nas palavras certas para relacionar esses conceitos. Na verdade, não cheguei até agora!
Temos que a realidade é o físico, material, fato, objeto. Aquilo que existe inegavelmente. Por outro lado, a verdade é a interpretação da realidade. Essa interpretação sofre grande influência de um padrão social que nos leva a julgar certa coisa como ruim ou bom. Assim, quando uma realidade é julgada por alguém de perspectiva diferente, temos a tal verdade relativa. Esta vem, geralmente, de pessoas que quebram o padrão aceitável.
No meio dessa oscilação de verdades, absolutas e relativas, foi necessário que pensadores avaliassem quais delas seriam mais aceitáveis ao pensamento da maioria, para impô-las aos demais por meio de normas de conduta. Com isso, entramos no Direito, ciência que mantem o bem estar da sociedade, utilizando a justiça para promover a paz no convívio entre indivíduos. Em suma, essa crença em uma verdade comum para a sociedade, e que foi convertida em leis, parece-me ser a tentativa de ser justo.
Chego, então, ao conceito de justiça. Vejo duas alternativas básicas de conceituação quando penso nessa palavra. Uma é a aplicação da igualdade, onde ser justo é agir com uma pessoa da mesma forma que agiria com outra. Outra é a aplicação da proporção nas relações: pagar pelo que deve; receber pelo bem que fez. Neste sentido, ela pode ser vista como a utilização da punição para assegurar o padrão social estipulado frente a toda flexibilidade moral existente, mantendo, dessa forma, a ordem. Por isso condenar e absorver tem relação com justiça e, por consequência, o Poder Judiciário é o responsável por aplicar o equilíbrio do Direito.
Entretanto, temos o perigo de a justiça se confundir com vingança, uma vez que esta é a ânsia de devolver a outrem o mal que ele lhe causou. Temos novamente o Direito e o Estado em questão, pois, como há verdades relativas e a justiça é uma forma de fazer valer a verdade mais aceita, não se permite que sua verdade se prevaleça sobre a verdade de quem lhe fez mal. Assim, mesmo que a punição pessoal seja conveniente ao Estado e à maioria, haverá, no mínimo, crime de exercício arbitrário das próprias razões, já que o cidadão não tem esse poder. Logo, concluo que justiça não é vingança, mas vingança é um modo de se fazer justiça.
Por fim, acredito que colapso social vem justamente de quando a verdade comum perde credibilidade. E, se ela fica fragilizada, abre portas para o surgimento de várias perspectivas. Com isso, a linha que separa o certo e errado desaparece, e a moral fica extremamente relativa. Ao invés de a punição ser uma aplicação da justiça, ela torna-se o injusto. Com a ausência do poder estatal, a vingança começa a ser o meio mais eficiente de se fazer justiça; ocorrendo a chamada “justiça com as próprias mãos”. Isso resulta numa sociedade desorganizada, com várias distorções de ideais, muita indignação e, o pior, de democracia contestável.
Portanto, vingança, justiça e verdade são conceitos abstratos e complexos que estão interrelacionados, assim como punição e perdão. No mais, espero que a nossa sociedade não esteja caminhando, mesmo que a passos lentos, para o mesmo desfecho deste texto. As ações dos indivíduos e decisões do Estado que serão os principais determinantes.

A filosofia do Direito é complexa, mas é legal!

31 de janeiro de 2014

Economia dos Estados

Conversas com Matheus Xavier e Lucas Almeida me motivaram a fazer este artigo. Talvez esteja equivocado em alguns aspectos, mas essa é a minha visão e conhecimento sobre a evolução das teorias econômicas. Dito isso, sintam-se à vontade para criticar, discordar, corrigir, complementar ou sugerir. O importante é gerar conhecimento!

A teoria do Estado Liberal surgiu por pensadores que defendiam a não intervenção do Estado na Economia, na segunda metade do século XVIII. O principal pensador foi Adam Smith, que falou sobre a autorregulação dos mercados como forma de desenvolvimento dos Estados Nacionais, em “A Riqueza das Nações”. Acreditava-se que a alocação dos recursos seria eficiente apenas com a iniciativa privada, o que justificava a não interferência estatal. Assim, caberia ao governo apenas dar condições para que isso acontecesse.
Esses foram os primórdios do Liberalismo Econômico, que respaldou o início da Revolução Industrial. Neste momento, o capitalismo se consolidou e a desigualdade social aumentou, uma vez que a classe burguesa concentrava o capital em suas mãos.
Essa teoria teve como referência a lei de mercado de Jean Baptiste Say, que acreditava que a oferta gera demanda. Segundo ele, a produção em escala exige trabalhadores, que recebem seus salários e, consequentemente, tem recurso para consumir. Logo, a mola precursora da Economia era a oferta.
Diante de um contexto social degradante, devido à exploração do homem pelo homem em função do capital, surgiram pensadores no século XIX com novos ideais políticos, sociais e econômicos. Como principal, temos Karl Marx, que questionou a distribuição das riquezas nas mãos de poucos, propondo o Estado Socialista. Este deveria atuar diretamente na distribuição de renda e combater as desigualdades, motivo pelo qual era chamado de Estado Providência.
Dessa forma, ter-se-ia uma sociedade igualitária, sem divisão de classes, com economia comandada por empresas públicas, que seriam lideradas pelo proletariado vencedor de uma revolução. A nação que adere essa postura econômica é chamada de Estado Produtor, pois o governo é o único responsável pela indústria, comércio, serviços; enfim, pela produção da riqueza no país.
Atualmente, temos como exemplo a Coreia do Norte, Cuba, e a economia planificada da China. Eles praticam a intervenção direta na economia por meio da política de “esquerda”. No Brasil, podemos dizer que momento parecido foi entre 1930 e 1990 - iniciado em Getúlio Vargas e terminado na Ditadura Militar -, embora a postura política adotada era a “direita”. Aqui, isso ocorreu em razão da extrema burocracia do Estado e ineficiência da Administração Pública.
Não obstante alguns países terem insistido em revoluções socialistas, o sistema capitalista se mostrou forte e autocorretor; demonstrados, primordialmente, na superação à Grande Depressão, em 1929. Tal crise, proporcionada pela superprodução, deu espaço para contestações a Smith e Say e implementação do Estado Intervencionista.
John Maynard Keynes propôs a intervenção do Estado na economia para o controle de oferta e estímulo à demanda agregada, por meio da política fiscal e monetária expansionista, principalmente em meio a crises. Na visão dele, seria a demanda a mola precursora da Economia. Ou seja, a demanda gera oferta, pois à medida que a população consome, o empresariado produz. Assim, tem-se o círculo virtuoso da produção, investimento e consumo.
No decorrer do século XXI, desenvolveu-se uma ideia equilibrada entre liberalismo econômico e intervencionismo do Estado. Com isso, surgiu uma nova interpretação da participação do Estado na Economia, onde ela deve haver, mas minimamente. É o intitulado Estado Mínimo, também chamado de neoliberalismo. Em síntese, é uma nova leitura da proposta de Adam Smith, propondo a atuação do Estado apenas para o que a iniciativa privada não consegue suprir.
O Consenso de Washington veio consolidar esses ideais, e os países que participaram prestaram compromisso de tomar medidas que busquem cada vez mais práticas neoliberais. Assim, podemos dizer que o Estado intervencionista não é o Estado Neoliberalista; entretanto, o Estado Neoliberalista tem como uma característica o mínimo intervencionismo.
No Brasil, as medidas neoliberais vieram à tona a partir de 1990, com os presidentes Collor, Itamar e FHC, que começaram a transformar o país em um Estado Regulador. Essa nova intitulação diz respeito à presença do Estado na produção de bens públicos, semi-públicos (bens de desinteresse do mercado), e em falhas de mercado.
Assim, as privatizações, abertura para o capital externo e, principalmente, surgimento das agências reguladoras, enxugaram o Estado brasileiro no que diz respeito à Gestão, abrindo portas para o início da Administração Gerencial e desburocratização da máquina.

        Enfim, o interessante é que gestão pública e economia, além de estarem intimamente ligadas, se misturam em muitos aspectos. Decisões governamentais e distância entre prática e teoria podem nos confundir acerca dos conceitos, como o intervencionismo e o neoliberalismo; o estado mínimo e o liberalismo; a real postura adotada atualmente pelo Brasil; a base para o surgimento do Estado Regulador; etc. E me confunde! Apesar disso, insisto em ter bem claro esses conceitos em minha mente, por isso requisito a opinião dos inteirados em plantão.