Há uns quatro meses fui ao show de Pouca Vogal na minha cidade, Montes Claros – MG, onde eventos desse estilo acontecem poucas vezes. Éramos dois casais e compramos ingressos para uma mesa, espaço mais adequado para um show tranquilo. Era o que esperávamos!
O evento foi espetacular,
assim como a maioria das bandas de rock famosas do Brasil. Embora o som da due fosse leve, era normal que a emoção
tomasse conta e muitos extravasassem. Porém, tinha uma galerinha na nossa
frente que só ficava em pé. Assim começou o desconforto.
Depois de aturar muito e
perder várias vezes de ver a dupla se apresentando, meu amigo Peu Balão foi até
o pessoal e pediu para eles tentarem se manter sentados, porque atrapalhavam a
visão das pessoas de trás.
Chegamos agora ao
acontecimento da noite. O rapaz que ouviu o que ele disse exigiu uma condição:
que ele o informasse os nomes do primeiro e último álbuns dos Engenheiros do
Hawaii. Ele riu ironicamente, respondeu a pergunta e fez novamente o pedido
que, dessa vez, foi acatado.
O show prosseguiu e curtimos
“até o fim”, mas o que me deixou pensativo foi a ousadia da questão. Muitas
pessoas não se dão por satisfeitas em curtir um estilo musical diferente de sua
região, um estilo dito mais culto. Elas tem necessidade de mostrar para a
comunidade o quanto gostam e que gostam mais que outras poucas pessoas que
também gostam, só porque esse gosto é algo raro em tal região.
Infelizmente ou felizmente,
desapontamos o rapaz. Nós sabíamos. Ele deve ter aprendido a não subestimar as
preferências musicais das pessoas, independentemente do local que esteja.
Admito que é tentador fazer isso em meio a tanta música ruim nos dias de hoje,
mas isso não é atitude de um fã de Engenheiros do Hawaii.