Ápice da felicidade foi uma classificação que
dei para os momentos em que eu olhava para mim e via o quanto eu estava feliz.
A primeira pessoa que ouviu essa minha reflexão foi o nosso amigo Santa Rosa. Eu
comentava isso quando me via numa situação tão alegre que eu não podia querer
mais nada, não tinha como ter. Isso não ocorre comigo sempre, mas com o Santa ocorria.
Nada mais pertinente que iniciar uma homenagem para ele descrevendo de forma compacta
o seu constante estado de espírito. Era assim que ele era: sempre feliz!
Quando eu via notícias de morte de jovens, eu
pensava o quanto os pais sofriam, mas não conseguia mensurar a dor dos amigos. A
principal sensação é que sempre faltará um componente nos encontros futuros,
como se eles não pudessem mais alcançar o nível máximo da diversão. Muitas
histórias passam na mente nesta hora; muitas expressões e habilidades
peculiares do grande Gordo. Além do jeito que proporcionava alegria, sua
prestatividade me comovia. Pessoas altruístas tem esse poder, pois, não basta
atender as necessidades dos amigos, elas tornam isso um prazer.
Como já disse, sua ida me fez questionar o
valor da vida. Como devemos viver para que no final da vida ela tenha valido a
pena? Eu dizia a ele: “a música do dia da minha morte será Epitáfio, de Titãs”.
Ele respondia mais ou menos assim: “eu não sei a minha, mas essa daí não será”.
Viver pouco e intensamente pode ser uma opção; a escolha cada um deve fazer. Ele
provou que a vida é um perigo pra quem vive apaixonado e de nada vale ela sem
as emoções que trazem riscos consigo. Este é um grande legado, basta saber interpretá-lo.
Que
sua partida nos mostre o quanto é importante cultivar as amizades, pois a vida
pode ser interrompida na juventude. Nós, grupo de amigos que ficou, com certeza
falaremos de você quando nossos filhos estiverem brincando, saindo juntos,
viajando. E essas futuras cenas nos trarão a hoje, que será um passado distante,
e nos lembrarão dos experimentos da juventude que tivemos ao lado de irmãos,
como você. E nós contaremos para eles: “tínhamos um amigo que se foi cedo” e
contaremos nossas aventuras. Vai com Deus para a sua nova morada, meu irmão! Nunca te esqueceremos.
“A morte cria um sentido pra nossa vida. Mais
importante que isso, a morte cria um valor especial para o tempo. Se nosso
tempo nessa terra fosse indeterminado, a própria vida perderia sentido. A morte
é o agente mais poderoso da natureza. Ela vem para levar o velho e abrir espaço
para o novo. Nosso esforço para evita-la e fazer da nossa curta estada aqui
algo minimamente memorável é o que nos motiva. Só existe a vida porque existe a
morte.” Marilena Chauí
“Quanto vale a vida?
Quanto vale a vida perdida
sem razão?
Quanto vale a vida longe de
quem nos faz viver?
Quanto vale a vida quando
vale a pena?
Quanto vale quando dói?..”
Humberto Gessinger