14 de abril de 2012

Por que sou do Movimento #ForaTadeu?


Montes Claros vive uma situação crítica. Apesar de tudo, tenho o prazer de vivenciar esse momento tão importante para a construção da minha juventude e para o futuro da minha cidade, e um dia ter o orgulho de contar para meus filhos. A população do Brasil, além de crescer, está se conscientizando também, e eu pareço não ser uma exceção.
O que eu aprendi sobre revoltas civis e outros movimentos, até então, foi através de estudos. E os que aconteceram nos últimos 15 anos eu não estava presente - nem que seja para saber, sem participar - porque não tinha idade e nem interesse suficiente. Porém, hoje estão acontecendo novos movimentos que eu tenho a oportunidade de interagir. Por exemplo, daqui há muito tempo eu vou lembrar que o Egito e a Líbia conseguiram suas independências numa época que eu pude ver. Da mesma forma, o movimento para a retirada de um prefeito “peculiar” ficará registrado na história de Montes Claros.
Pois bem, Montes Claros é a maior cidade do Norte de Minas e sua economia abrange não só essa região, mas também, o sul da Bahia. É uma cidade relativamente grande e pólo de estudantes e trabalhadores de inúmeras cidades da redondeza. Seu fluxo econômico e populacional foi crescendo de tal forma que já se previa um estouro de indignação devido à falta de estrutura para suportar esse crescimento e o desinteresse político de oferecer suporte.
Parece que o estouro aconteceu! Este começou a se intensificar com a reentrada do prefeito Tadeu Leite em 2009. Parece que ele se voltou para projetos menos essenciais de grande marketing e repercussão na mídia, que fechou os olhos da parcela menos esclarecida da população. Diante disso, alguns “gatos pingados” resolveram agir e não aceitar essa cortina que tampa as mazelas da sociedade e dispuseram a mostrar, para todos, o verdadeiro cenário da cidade.
Estamos totalmente sem infra-estrutura para suportar a expectativa de um milhão de habitantes em 2020. Hoje, somos 361 mil cidadãos numa cidade que não nos suporta, que o trânsito é mais caótico que as grandes capitais, pois além de ser superlotado, ainda há buracos enormes, falta de espaço e de sinalizações horizontais. Já imaginou Montes Claros daqui dez anos?
A saúde está precária, falha e demora nos atendimentos, e a pressão foi tão grande que o próprio secretário de saúde “pediu arrego”. Aqui não tem incentivo à cultura, seus maiores núcleos - Casa da Juventude e Centro Cultural – se não estão fechados, estão fragilizados. E o esporte vai bem, muito bem com o vôlei. Mas e o futebol? E a natação? E o basquete, handebol, esqueitismo? O Mocão (estágio de futebol) é projeto de muitos anos atrás e até hoje não foi posto em prática. O zoológico parece não existir. Enfim, esses são uns dos problemas que eu sei que tem, mas muitas outras pessoas sabem de problemas que eu nem imagino.
O movimento que resolveu expor esses problemas e exigir uma nova Montes Claros foi iniciado com a caminhada, levando o caixão no “Enterro da Ética”, até se concretizar no chamado Fora Tadeu, que se expandiu em âmbito nacional. Já conseguiu ser o quarto assunto mais postado no Twitter e ainda levar ao conhecimento de programas como o CQC, da Band. Teve até censura da TV local, perseguições e ameaças a certos participantes.
O objetivo do movimento não é exigir o impossível de governantes, pois entendemos que nossa região é precária, seca, pobre, e com centenas de dificuldades para se desenvolver, mas a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. Será tão difícil ser menos negligente e distribuir as verbas de forma justa e honesta? Ah, deve ser difícil sim, para nosso prefeito é muito mais fácil gastar dinheiro público com candidatura e promoção do seu filho Tadeuzinho, ou simplesmente colocá-lo no bolso. Bom, é o que dizem e evidências comprovam! Logo, percebemos que expor os problemas e querer soluções não é só exigir uma melhor administração da corja que está na prefeitura, mas sim tirar o maior articulador de todos, daí o desejo de Fora Tadeu.
Dizem que é um movimento pacífico e apartidário. Pacífico é inquestionável que não seja, todos viram que nenhum ato foi agressivo e que a polícia não precisou interferir em nada. Apartidário, eu seria muito romântico se dissesse que não há opositores infiltrados querendo aproveitar da insatisfação das pessoas. Porém, um movimento apartidário, do povo, não impede que pessoas partidárias participem. Inclusive, um dos fatores que enfraquece o movimento é a falta de um líder, um rosto, ou até um grupo com idéias formuladas e propostas projetadas/escritas do que o movimento realmente propõe, uma ata com reinvidicações, tudo isso para fazer jus ao substantivo “apartidário”. Pois, o que se vê são pessoas independentes, fragmentadas, cada uma prejudicada por certo problema da cidade, que se juntaram para pedir melhorias e saída do prefeito, apenas isso.
Não sou um dos organizadores do levante, mas sou um cidadão indignado com a situação da nossa cidade. Não tenho conhecimento de como será, se realmente conseguiremos o impeachment e também sei que ninguém consegue isso apenas gritando nas ruas, sem se politizar, sem assembléia, diplomacia e, principalmente, sem o apoio dos vereadores que, até então, estão ignorando tudo que está acontecendo.
Entretanto, por mais que eu não saiba de todo o processo, não podia ficar sentado em casa esperando outras pessoas dizerem o que eu também quero dizer, desiludido, só porque talvez seja difícil. A Revolução Russa era impossível, não era? Será que as milhões de pessoas protestando na praça Tahrir, no Egito, eram totalmente politizadas? O que eu quero dizer é que você não precisa conceber todo o movimento para fazer parte dele, embora seja necessário que alguém conceba e faça as propostas. 
Enfim, eu participo do Fora Tadeu sim, e não venha me dizer que ele está rindo de nós, porque ele pode rir três vezes do lado de lá, que gritaremos cinco vezes do lado de cá: Fora Tadeu! Não quero saber se conseguiremos impeachment ou se nada vai mudar até o fim do mandato, mas já é honroso saber que eu tentei, que eu pelo menos fragilizei a imagem de um corrupto e que eu não fico em frente da televisão vendo as notícias subversivas ou em frente de um computador lendo um texto, como este, sem ir à rua lutar.

“Fora Tadeu”, venha conosco!



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